A Idade Decisiva - Resenha crítica - Meg Jay
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2008 leituras ·  4 avaliação média ·  690 avaliações

A Idade Decisiva - resenha crítica

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Este microbook é uma resenha crítica da obra: A Idade Decisiva - Descubra por que a fase dos 20 aos 30 anos vai definir seu futuro e como tirar o melhor proveito dela.

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 8543100224, 978-8543100227

Editora: Sextante

Resenha crítica

O momento da decisão

O período que vai dos 20 aos 30 anos é real e deve ser vivido como tal. Uma cultura queconsidera os 30 como os novos 20 nos faz achar que estes últimos não importam. Freud certa vez disse: “Amor e trabalho, trabalho e amor... é tudo que existe”, e esses dois fatores têm tomado forma mais tarde do que costumavam tomar antigamente.

As pessoas do século passado quando estavam na casa dos 20 anos já eram casadas e já cuidavam de um bebê recém-nascido. Apenas se estudava até a conclusão do ensino médio ou, quando muito, da faculdade. Os pais jovens estavam concentrados em ganhar dinheiro e cuidar da casa.

Como apenas uma fonte de renda costumava ser suficiente para sustentar uma família, os homens trabalhavam, mas dois terços das mulheres não. A expectativa de quem tinha uma profissão era permanecer no mesmo ramo a vida toda.

No decorrer de uma geração, houve uma enorme mudança cultural. Os métodos
anticoncepcionais se popularizaram, e as mulheres invadiram o mercado de trabalho. Com o novo milênio, apenas cerca da metade das jovens estavam casadas aos 30 anos, e menos ainda tinha filhos, transformando os 20 numa época de liberdade.

Começamos a ouvir que talvez a faculdade fosse cara demais e menos necessária. Ouvimos também que haveria um tempo de “folga” depois do colégio. Acordando diariamente em algum ponto entre o lar da família e sua casa própria, os jovens de hoje não sabem direito como empregar o próprio tempo.

Quase por definição, os 20 anos tornaram-se um período intermediário. Um artigo de 2001 na Economist apresentou a “Economia Bridget Jones” e uma capa de 2005 da Time saiu com a manchete “Conheça os Twixters”. Ambos nos informam que a juventude era agora formada por anos a serem usufruídos de acordo com a renda disponível.

Em 2007, essa fase foi apelidada de “anos da odisseia”, um tempo para perambular pela vida. E jornalistas e pesquisadores de toda parte passaram a se referir a pessoas nessa faixa etária com apelidos idiotas como kidults, uma mistura de criança com adulto em inglês.

Há quem diga que os 20 anos são uma extensão da adolescência, enquanto outros os
chamam de uma vida adulta emergente. Essa mudança da passagem para a vida adulta
rebaixou aqueles jovens a “não totalmente adultos” justo quando precisam se esforçar mais. Os jovens foram envolvidos por um turbilhão de campanhas publicitárias e mal entendidos que tornou trivial o que é na verdade a década definidora da vida adulta.

No entanto, mesmo quando desprezamos essa fase, fazemos dela um fetiche. Ela nunca foi tão badalada. A cultura popular é quase obcecada pelos 20 anos, a ponto de esse período de liberdade parecer tudo que existe. Celebridades infantis e crianças comuns desperdiçam a infância imitando pessoas dessa faixa etária. Enquanto adultos maduros e mulheres de mais idade se vestem e se modelam para parecer que têm 29 anos.

Os jovens parecem mais velhos e os velhos parecem mais jovens, reduzindo o período de vida adulto a uma longa estada nos 20 anos. Mas isso é contraditório e perigoso. Somos levados a acreditar que os 20 anos ainda não importam. Isso faz com que muitos homens e mulheres paguem um alto preço nas décadas subsequentes por terem desperdiçado os anos mais transformadores da vida adulta.

Muitos jovens na faixa dos 20 supõem que a vida começará a dar certo após os 30, e pode ser que dê. Mas ainda assim será uma vida diferente. Achamos que, evitando decisões agora, mantemos todas as nossas opções em aberto para depois. Entretanto, não fazer escolhas também é uma escolha.

Capital de identidade

Erik Salomonsen era um menino alemão de cabelos loiros com uma mãe de cabelos escuros e um pai que nunca conheceu. Em seu terceiro aniversário, a mãe casou-se com um pediatra local que o adotou, tornando-o Erik Homburger. Eles o educaram de acordo com a tradição judaica. Na sinagoga, caçoavam do menino por ter cabelos claros. Na escola, por ser judeu. Erik costumava se sentir confuso sobre quem ele era.

Após o ensino médio, Erik esperava tornar-se um artista. Viajou pela Europa, fazendo cursos de artes e às vezes dormindo embaixo de pontes. Aos 25 anos, retornou à Alemanha e trabalhou como professor de artes. Estudou pedagogia montessoriana, casou-se e iniciou uma família. Após dar aulas para os filhos de psicanalistas bastante conhecidos, Erik foi analisado pela filha de Sigmund Freud, Anna, e em seguida se formou em psicanálise.

Aos 30, Erik mudou-se com a família para os Estados Unidos, onde se tornou um
psicanalista famoso e teórico do desenvolvimento. Lecionou em Harvard, Yale e Berkeley e escreveu vários livros antes de ganhar o Prêmio Pulitzer.

Como reflexo do sentimento de não ter tido um pai e de ter vencido pelos próprios esforços, mudou o nome para Erik Erikson, que significa “Erik, filho de si mesmo”. Ele é mais conhecido por ter criado o termo “crise de identidade” em 1950.

Embora fosse um produto do século XX, Erikson viveu a vida de um homem do século
XXI. Cresceu numa família miscigenada. Enfrentou questões de identidade cultural. Passou a adolescência e os 20 anos em busca de si mesmo. Numa época em que os papéis dos adultos eram previsíveis, as experiências de Erikson permitiram que ele imaginasse que uma crise de identidade era a norma, ou ao menos deveria ser.

Achava que uma identidade verdadeira e autêntica não deveria ser precipitada e defendia um período de procrastinação. Período esse em que os jovens pudessem explorar com segurança, sem riscos ou obrigações reais. Para alguns, esse período era a faculdade. Para outros, como Erikson, uma jornada pessoal.

Em ambos os casos, ele enfatizou a importância de desenvolver o próprio potencial. Erik Erikson, agora literalmente “filho de si mesmo”, achava que todos deveriam criar a própria vida. Sim, ele viajou sem destino e dormiu embaixo de pontes. Essa é metade da história. O que mais ele fez? Aos 25 anos, deu aula de artes e estudou pedagogia. Aos 26, iniciou sua formação psicanalítica e conheceu algumas pessoas influentes.

Aos 30 anos, obteve o diploma de psicanalista e iniciou carreira como professor, analista, escritor e teórico. Erikson passou parte da juventude tendo uma crise de identidade, mas no percurso também foi adquirindo o que os sociólogos denominam capital de identidade.

Capital de identidade é nossa coleção de bens pessoais. É o repertório de recursos
individuais que reunimos com o tempo. São os investimentos em nós mesmos, as coisas que fazemos muito bem que se tornam parte de quem somos.

Uma parcela de sua formação vai para o currículo, como diplomas, empregos, notas em provas. Outra parte é mais pessoal, por exemplo, como falamos, de onde somos, como resolvemos problemas, qual a nossa aparência.

O capital de identidade é como construímos a nós mesmos ao longo do tempo. Mais importante, ele é o que levamos ao mercado adulto. É a moeda que usamos para metaforicamente comprar empregos, relacionamentos e outras coisas que quisermos. Pesquisadores examinaram de que forma as pessoas resolvem as crises de identidade e descobriram que vidas que são só capital, sem crises, parecem rígidas e convencionais. Por outro lado, mais crise do que capital também constitui um problema.

À medida que o conceito de crise de identidade se popularizou nos Estados Unidos, o próprio Erikson condenou o fato de se passar tempo demais em “confusão despropositada”. Ele se preocupava com o fato de muitos jovens correrem o “risco de se tornarem irrelevantes”.

Pessoas em seus 20 anos que aproveitam o tempo para explorar o mundo e também têm
coragem de assumir compromissos ao longo do caminho desenvolve uma identidade mais forte, além de possuírem mais autoestima e serem mais perseverantes e realistas.

Esse caminho para a identidade está associado a uma série de resultados positivos, incluindo uma percepção mais clara do eu, maior satisfação com a vida, melhor controle do estresse, raciocínio mais apurado e resistência à conformidade.

Preparados para o mundo real?

Quanto mais tempo levarmos para nos firmarmos num trabalho, maiores serão as chances de nos tornarmos diferentes e danificados. Pesquisas sobre jovens subempregados revelam que aqueles que permanecem nesse status ainda que por apenas nove meses, tendem a ser mais deprimidos e menos motivados.

Mas, antes de concluirmos que o desemprego é uma alternativa melhor ao subemprego, veja isto: o desemprego aos 20 está associado ao alcoolismo e à depressão na meia-idade mesmo depois de se conseguirem empregos regulares. É notável analisar jovens inteligentes e interessantes nessa faixa etária evitarem empregos reais no mundo real para se arrastarem por anos de subemprego. Os sonhos deles parecem cada vez mais distantes à medida que as pessoas os tratam como se a atribuição deles no mundo fosse apenas a ostentada no crachá.

Economistas e sociólogos concordam que o trabalho na juventude exerce uma influência enorme no sucesso da nossa carreira a longo prazo. Cerca de dois terços dos aumentos de salário durante a vida ocorrem nos primeiros dez anos de uma carreira. Depois disso, famílias e hipotecas impedem a obtenção de especializações e a mobilidade pelo país.

Na economia atual, pouquíssimas pessoas chegam aos 30 sem ter tido algum subemprego. Então o que alguém em seus 20 deve fazer? Felizmente, nem todo subemprego é igual.

Sempre aconselho os jovens a aceitarem o emprego com mais capital. Entrar no mundo real, buscar trabalho e ganhar dinheiro, pagar contas, é essencial para o jovem entender como funciona o mundo e já ir se acostumando com as dificuldades da vida.

Vínculos fracos

Os amigos desempenham um papel fundamental e de apoio para muitos
jovens. Eles proporcionam inúmeros bons momentos. Essencialmente formada por colegas de faculdade, a tribo urbana dos amigos são as pessoas com quem nos encontramos nos fins de semana. Elas nos dão caronas ao aeroporto. Ouvem desabafos sobre namoros fracassados e rompimentos enquanto curtimos juntos tira-gostos e chopes.

Mas, com toda a atenção voltada à tribo urbana, muitos jovens têm se limitado a conviver com colegas que possuem ideias afins. Alguns vivem em constante contato com as mesmas poucas pessoas. Mas embora nos ajude a sobreviver, a tribo urbana não nos ajuda a prosperar. E ela pode até nos trazer sopa quando ficamos doentes, mas são aqueles que mal conhecemos que rápida e substancialmente mudarão nossas vidas para melhor.

Num trabalho que antecede o Facebook em mais de 25 anos, o sociólogo e professor de
Stanford Mark Granovetter realizou um dos primeiros e mais famosos estudos sobre redes sociais. Granovetter estava curioso sobre como elas fomentam a mobilidade social e como as pessoas em nossa vida são responsáveis por novas oportunidades.

Pesquisando, num subúrbio de Boston, trabalhadores que haviam recentemente buscado emprego e conseguido uma nova posição, o sociólogo descobriu que durante tal processo as pessoas mais úteis não foram os amigos próximos e a família.

Em vez disso, mais de três quartos dos trabalhos novos foram conquistados por causa de dicas de contatos que eram vistos apenas “ocasionalmente” ou “raramente”. Essa descoberta levou Granovetter a escrever um estudo inovador intitulado “A força dos vínculos fracos”, sobre o valor incomparável de pessoas que não conhecemos bem.

De acordo com o pesquisador, nem todos os relacionamentos e vínculos são iguais.
Alguns são mais próximos e outros não, e a força de um vínculo aumenta com o tempo e a experiência. Quanto mais convivemos com alguém, mais forte ele fica. Na infância, os vínculos fortes são a família e os melhores amigos. Na juventude, a tribo urbana, colegas de quarto, parceiros e outros amigos próximos.

Vínculos fracos são as pessoas que encontramos, ou com quem temos algum tipo de
relação, mas que atualmente não conhecemos bem. Talvez sejam os colegas de trabalho com quem raramente falamos ou vizinhos a quem apenas dizemos “oi”. Vínculos fracos também são os nossos ex-empregadores, professores ou quaisquer outros conhecidos que não tenham sido promovidos a amigos próximos.

Por não serem meros integrantes de um bando já restrito, os vínculos fracos nos dão acesso a coisas e pessoas que desconhecemos. Os vínculos fracos disseminam informações e oportunidades mais longe e rápido do que os amigos próximos, já que possuem menos contatos coincidentes. Eles são como pontes cuja outra ponta você não vê, de modo que não sabe aonde podem levar.

Se vínculos fracos nos fazem favores, eles começam a gostar de nós. Depois, a tendência de nos concederem outros favores no futuro aumenta. É simples. É bom ser bom. Ser generoso gera certo “barato”. Em numerosos estudos, o altruísmo tem sido associado à felicidade, à saúde e à longevidade, desde que essa ajuda concedida não implique ônus.

Os vínculos fracos melhorarão sua vida agora – e repetidas vezes nos anos seguintes – se você tiver a coragem de saber o que quer.

Assumindo compromissos

Os jovens de hoje passam mais tempo solteiros do que qualquer outra geração na
história. Após sair do lar de infância, a maioria passará anos sozinha até construir a própria família. Esse período proporciona a muitas pessoas uma chance de aproveitarem a vida antes de se estabilizarem.

Alguns casais se conhecem por meio de amigos, enquanto outros se conectam na
internet ou se esbarram pela cidade. Algumas pessoas são monógamas convictas, enquanto outras saem com tantas quanto conseguem. Religiosos e pais temem que o casamento esteja morto, que o namoro esteja agonizando e que “ficar” seja a nova forma de relacionamento.

Mas isso é relativo. Atualmente, a idade média do primeiro casamento é de 26 anos para mulheres e 28 para homens, com mais da metade dos adultos se casando após os 25. Por mais ultrapassado ou careta que o casamento possa parecer, ainda menos comum é
falar sobre ele.

Revistas populares retratam uma cultura jovem dominada por solteiros quase obcecados em evitar compromissos. Mas, por trás de portas fechadas, a Dra. Meg Jay diz escutar uma história bem diferente. Ela escreve que nunca conheceu um jovem que não quisesse se casar ou ao menos ter um relacionamento estável.

Os pacientes com vidas muito agitadas ou empregos muito bons simplesmente se sentem obrigados a falar pouco a respeito e esperar pelo melhor. Parece convencional demais, ou ao menos politicamente incorreto, ser estratégico quanto a esse assunto. Mesmo os pacientes que querem desesperadamente se casar dão a impressão de estarem constrangidos em revelar qualquer sonho romântico.

O casamento é um de nossos momentos mais definidores, porque muita coisa está
envolvida. Dinheiro, trabalho, estilo de vida, família, saúde, lazer, aposentadoria e até a morte passam a ser pensados por dois. Quase todos os aspectos de sua vida estarão entrelaçados com os do seu parceiro. E vamos combinar: se as coisas derem errado, um casamento não pode simplesmente ser riscado do currículo como acontece com um emprego fracassado.

Aos 30, essa preocupação torturante sai do seu cantinho e se transforma em pânico
completo. O momento e a intensidade exatos da pressão exercida pela idade variam,
dependendo de onde a pessoa vive e de o que os colegas dela estão fazendo. E pode ser que as mulheres sintam mais tensão em torno disso do que os homens, porque terão menos tempo para iniciar uma família e podem se sentir menos fortes.

Com algumas notáveis exceções, nunca houve mais liberdade para decidir se, quando, como e quem namorar. Não há dúvidas de que isso possibilitou inúmeras uniões felizes, além da experiência que é assumir uma das decisões mais importantes de nossa vida. Ao mesmo tempo, a colocação do indivíduo em primeiro plano nos relacionamentos fez com que surgisse o esquecimento de uma de nossas maiores oportunidades na juventude: escolher e construir nossa família.

Pensando adiante

Muitos dos pacientes da Dra. Meg Jay estão confusos por terem cursado boas universidades, mas não saberem como iniciar as carreiras que desejam. Eles não entendem como podem ter sido oradores oficiais na formatura e serem incapazes de decidir com quem namorar ou por quê.

Se sentem impostores porque têm bons empregos, mas não conseguem se acalmar no trabalho. Ou não compreendem como jovens que não foram tão bons alunos agora são mais bem-sucedidos que eles na vida real. Trata-se de conjuntos de habilidades diferentes. Ser inteligente no colégio significa que você soluciona muito bem problemas com respostas corretas e limites de tempo estabelecidos.

Entretanto, ser um adulto com pensamento prospectivo tem a ver com a sua forma de pensar e agir em situações incertas. Os dilemas dos adultos – qual emprego aceitar, onde morar, qual parceiro escolher ou quando iniciar uma família – não possuem respostas certas.

O pensamento prospectivo não vem apenas com a idade, mas também com a prática e a
experiência. Por isso, alguns jovens de 22 anos são pessoas incrivelmente controladas e
voltadas para o futuro, e já sabem como enfrentar o desconhecido, ao passo que outros com 34 ainda têm um cérebro que os guia na direção oposta.

Quando estamos com 20 anos, o cérebro já alcançou seu tamanho definitivo. Contudo, ainda está refinando sua rede de conexões. A comunicação nele ocorre no nível do neurônio, e o cérebro se constitui de uns 100 bilhões deles, cada um capaz de estabelecer milhares de conexões diferentes. Sua velocidade e sua eficiência são, além de muito importantes, o resultado duramente conquistado de dois períodos críticos de crescimento.

Jovens que usam o cérebro experimentando bons empregos e relacionamentos reais estão aprendendo a linguagem da vida adulta justamente quando o órgão está preparado para isso. Jovens de 20 anos que não usam o cérebro chegam aos 30 sentindo-se ultrapassados como profissionais e parceiros amorosos – e também como pessoas, perdendo a chance de aproveitar o máximo da vida que ainda está por vir.

É fácil sentir-se esmagado pela incerteza, querer se acomodar com a tribo urbana ou nossos pais até que o cérebro encontre o amadurecimento por conta própria e de algum modo subitamente saiba as respostas certas para a vida. Mas não é assim que o cérebro e a vida funciona.

Além disso, ainda que o cérebro pudesse esperar, o amor e o trabalho não podem. Os 20 anos são, de fato, o momento de entrar em ação, de pensar de forma prospectiva sobre uma era incerta. As respostas certas não virão com o tempo, você que deverá ir atrás delas, encarando suas incertezas e partindo pra ação!

Acalme-se

Quando jovens ingressam no mercado de trabalho, obtendo um emprego que não seja seguro e fácil, ficam vulneráveis a um choque. Sem qualquer turma de calouros da qual fazerem parte, podem se ver sozinhos no mais baixo nível hierárquico.

Alguns chefes não estão interessados em ser mentores. Outros não sabem ser. Essas mesmas pessoas costumam ser incumbidas de introduzir os principiantes no admirável novo mundo do trabalho. A Dra. Meg Jay diz que um profissional de recursos humanos falou para ela que “gostaria que alguém informasse aos jovens que o escritório tem uma cultura completamente diferente daquela com que estão habituados. Você não pode começar um e-mail com “Oi!”. Você provavelmente terá de trabalhar na mesma área por um bom tempo antes de ser promovido ou mesmo elogiado”.

Fora que as pessoas lhe pediram para não falar sobre o trabalho nas redes sociais ou não colocar frases estúpidas em seu status. Você vai precisar pensar em como irá falar ou escrever, em como irá agir ou se vestir. Jovens que nunca tiveram um emprego não sabem disso.

Quando jovens veem sua competência sendo criticada, ficam ansiosos e irritados, tentados ao confronto e à ação. Projetam sentimentos negativos nos outros e ficam obcecados em saber o motivo: “Por que meu chefe disse aquilo? Por que meu chefe não gosta de mim?”.

Encarar a profissão de forma tão intensamente pessoal pode tornar a semana de trabalho
bastante longa. À medida que envelhecemos, nos sentimos menos como folhas e mais como árvores. Temos raízes que nos fixam ao solo e troncos robustos que podem oscilar, mas não quebram ao vento.

Nossos erros no trabalho não são mais aqueles de digitação, mas podem ser perder 500
mil dólares ou liberar um software que derruba o site da empresa por um dia. Só que adultos mais velhos – ou mesmo jovens em seus 20 que sejam esforçados – têm como base a confiança de que os problemas podem ser resolvidos, ou ao menos contornados. Então, acalme-se! Nem tudo é um apocalipse como você pensa.

Autoconfiança

A autoconfiança não vem de dentro para fora. Ela age de fora para dentro. As pessoas
se sentem menos ansiosas e mais autoconfiantes por dentro quando conseguem
reconhecer coisas que fizeram bem no mundo exterior.

Autoconfiança significa “segurança íntima”. Em psicologia experimental, o termo mais
preciso é “autoeficácia”, ou a capacidade de ser eficaz ou de produzir o resultado desejado. Independentemente dos artifícios a que se possa recorrer, consiste em ter certeza de que você dará conta do recado. E essa convicção advém apenas de se ter realizado determinado serviço várias vezes. A prática é fundamental.

Nem todo mundo quer ser o melhor, mas a maioria dos jovens querem ser
excepcionalmente bons naquilo que optam por fazer. Na maioria dos casos, terão que
dedicar ao menos dez mil horas do seu tempo à atividade escolhida. Às vezes parece que o desafio deles é apenas descobrir o que fazer para então as coisas simplesmente começarem a acontecer.

Imaginamos que iniciaremos um estágio e instantaneamente acrescentaremos
valor ou seremos levados a sério na empresa. Isso não acontece. Saber que você quer fazer algo não é o mesmo que saber como fazê-lo, e nem isto é o mesmo que fazê-lo bem.

Um ótimo relacionamento ou um emprego do qual se orgulhar podem parecer difíceis de obter, mas se esforçar por essas metas nos deixa mais felizes. Jovens que têm algum sucesso no trabalho ou alguma estabilidade financeira são mais confiantes, positivos e responsáveis do que aqueles que não buscam isso. O simples fato de ter metas já consegue nos deixar mais felizes e confiantes.

As coisas vão se resolver?

De uma forma ou de outra, quase todo paciente jovem da Dra. Meg Jay questiona: “as coisas vão se resolver?” A incerteza por trás dessa pergunta é o que torna a vida dos jovens tão difícil, mas também é o que faz a ação nesse período ser tão possível e necessária.

É perturbador não saber o que vai acontecer no futuro e assusta ainda mais pensar que o que faremos de nossa vida na juventude é o que estará determinando. É quase um alívio imaginar que esses anos não são reais, que os empregos e relacionamentos ao longo dos 20 anos não importam.

Mas uma carreira dedicada a estudar o desenvolvimento de adultos, informou a Dra. Meg Jay, está longe de ser verdade. E anos ouvindo atentamente pacientes e alunos fez com que ela soubesse que os jovens querem ser levados a sério.

Não existe uma fórmula para ter uma vida boa nem uma vida certa ou errada. Mas há
escolhas e consequências, portanto parece justo os jovens conhecerem aquelas ao seu alcance. Desse modo, o futuro vai parecer bom quando você enfim chegar lá. A melhor parte de ficar mais velho é saber como sua vida se desenrolou, especialmente se você gosta do que faz diariamente.

Se você está prestando atenção em sua vida aos 20 anos, os verdadeiros dias de glória ainda estão por vir! Portanto, reivindique sua vida adulta! Seja objetivo. Vá trabalhar. Vá estudar. Escolha sua família. Faça as contas. Crie a própria certeza. Não seja definido pelo que não conhece ou não fez. Você está decidindo sua vida neste exato momento! Não tenha medo, encare as incertezas e parta para a ação!

Dica do 12’

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Quem escreveu o livro?

Premiada conferencista, a Dra. Meg Jay é Ph.D. em psicologia clínica pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Atualmente ela orienta doutorandos na Universidade da Virgínia e mantém um consultório parti... (Leia mais)

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